Venda de veículos novos no Brasil tem alta de 3% em 2021

São Paulo, 7 de janeiro de 2022


Foram emplacados 2.119.554 carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no ano, segundo levantamento da Fenabrave; saldo é positivo, mas o comparativo parte de uma queda de 26,16% em 2020.

As vendas de veículos novos no Brasil tiveram alta de 2,98% em 2021, mostram os resultados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) nesta quinta-feira (6).

No apanhado do ano, foram emplacadas 2.119.554 novas unidades no país, entre carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. O g1 não contabiliza motos e implementos rodoviários.

Ainda que o ano tenha terminado com saldo positivo, é preciso lembrar que a base de comparação é bastante baixa. Em 2020, o setor registrou um tombo de 26,16%, a primeira queda anual desde 2016.

Além do mais, o crescimento de 2021 veio abaixo do que foi projetado pela Fenabrave na divulgação dos dados de 2020. A entidade previa uma alta de 16% no ano passado.

Para 2022, a entidade estima um crescimento de 4,6% para o grupo.

"Temos pedidos que não conseguimos atender em 2021. Estamos otimistas em busca de normalidade do sistema, mas dependemos da produção da indústria. Se houver problemas novamente, precisará ser revisto novamente", afirma José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave.

Piora de expectativas
Na virada de ano em que Fenabrave fez sua estimativa, as plantas automotivas capitaneavam a retomada da indústria brasileira. Foram nove altas seguidas até fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado vinha forte mesmo com o encerramento da produção da Ford no país, fato marcante para o setor que foi anunciado logo em janeiro.

Mas o setor industrial sofre desde o início da pandemia com uma equação que reúne paralisações de produção, falta de insumos e alta de custo de matérias-primas. A cadeia automotiva, em específico, sentiu a escassez de semicondutores e chips, disputados também pelas fabricantes de eletrônicos.

Soma-se ao problema de escassez de matéria-prima a escalada da inflação e redução da renda do trabalho no último ano, que trazem impacto direto ao poder de compra da população. Com menos dinheiro no bolso, há uma redução de demanda por bens duráveis, como os automóveis.

Em 2021, esse cenário turbulento disputou espaço com repiques de contágio dos trabalhadores de montadoras pela Covid-19. Em meados do ano, uma série de plantas fabris paralisaram os trabalhos para evitar a disseminação da doença e para segurar a produção em tempos de demanda menor.

Os resultados do ano passado mostram, contudo, que a incerteza do primeiro impacto da pandemia, ainda em 2020, foi mais relevante como trava da indústria.

Caminhões como destaque
A leve alta nos emplacamentos em 2021 foi puxada por vigorosas altas de caminhões (42,8%) e de comerciais leves (24,4%). O peso de ambos, porém, é muito baixo comparado aos carros.

Em números absolutos, foram emplacados 127.357 caminhões e 416.474 comerciais leves. Representam 6% e 19,6% do mercado, respectivamente.

Os carros, por outro lado, tiveram queda de 3,56% no ano, com 1.557.957 emplacamentos totais. Trata-se de 73,5% do volume.

Por Raphael Martins, g1
06/01/2022 10h36  Atualizado há um dia