GM suspende turno de produção por falta de peça no interior de SP

São Paulo, 1 de novembro de 2021


A fábrica da General Motos em São José dos Campos (a 90 km de São Paulo) paralisará o segundo turno de produção da picape S10 a partir do dia 8 de novembro. A suspensão do trabalho é necessária devido à escassez mundial de semicondutores e será feita por meio de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho).

A proposta da GM foi aprovada em assembleia realizada nesta sexta (29) no pátio da empresa. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, os contratos de cerca de 700 operários serão suspensos por um período de dois a cinco meses.

No lay-off, a empresa mantém os recolhimentos ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e pode pagar um complemento sem natureza salarial. Parte dos salários é pago com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

O acordo fechado entre a montadora e os metalúrgicos prevê que os trabalhadores continuarão recebendo o valor correspondente aos seus salários líquidos -ou seja, combinados o complemento e o recurso do FAT, eles ainda terão a mesma remuneração atual.

No período de suspensão, os metalúrgicos em lay-off não poderão ser demitidos. A estabilidade no emprego foi um dos pontos centrais das negociações entre o sindicato e a GM.

Segundo a entidade que representa os trabalhores, a empresa também se comprometeu em efetivar 300 pessoas que tinham contratos temporários e que seriam dispensadas nos próximos meses.

"Sem essa conquista, certamente haveria demissões na fábrica. Diante da crise, toda negociação tem de vir condicionada à estabilidade dos empregos", disse o vice-presidente do Sindicato, Valmir Mariano, em nota.

A fábrica da GM em São José tem cerca de 3.800 trabalhadores. Além da S10, a unidade produz também o modelo Trailblazer.

A indústria automotiva é uma das mais afetadas pela crise dos chips semicondutores. A produção dessas pequenas peças foi afetada por uma sequência de rupturas desde o início da pandemia. Houve aumento na demanda, com mais gente comprando produtos como tablets e computadores.

Ao mesmo tempo, a produção, que chegou a parar no início da crise sanitária, não conseguiu crescer na mesma velocidade.

No Brasil, desde o início de 2021 diversas montadoras precisaram usar férias coletivas, licenças remuneradas e bancos de horas para adequar a produção à disponibilidade de componenetes. Na indústria, a expectativa é de que o abastecimento só seja solucionado a partir do segundo trimestre de 2022.

A GM diz, em nota, que o lay-off permitirá proteger empregos e a sustensabilidade do negócio.

Veículo: FOLHA DE S. PAULO - SP 
Editoria: MERCADO 
Tipo notícia: Matéria
Data: 30/10/2021