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25/02/2021

GM coloca funcionários em lay-off por falta de peças para a produção em Gravataí

A General Motors dará férias coletivas em março para todos os trabalhadores da área de produção da fábrica de Gravataí (RS) e, na sequência, vai adotar o sistema de lay-off (suspensão temporária de contratos) por período que pode variar de um a cinco meses.

O principal motivo é a falta de componentes para a produção, em especial de semicondutores, problema que afeta montadoras do mundo todo.

No fim da semana passada a Honda já tinha informado que suspenderá a produção em Sumaré (SP) de 1º a 10 de março por falta de semicondutores. Em janeiro ela já tinha suspendido atividades por uma semana pelo mesmo motivo.

Em nota a GM confirma que a cadeia de suprimentos da indústria automotiva na América do Sul tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida que o esperado. Diz ainda que "isso tem o potencial de afetar de forma temporária e parcial nosso cronograma de produção".

A montadora acrescenta que, no momento, está "trabalhando com fornecedores, sindicato e demais parceiros do negócio para mitigar os impactos gerados por esta situação".

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, a GM ainda não informou o número total de funcionários que entrarão em lay-off mas, em sua opinião, pode passar de 2 mil contando pessoal da própria GM e dos fornecedores de autopeças que operam dentro do mesmo complexo produtivo.

Na sexta-feira será feita assembleia com os trabalhadores para aprovar ou não o lay-off, que será parcial e temporário. Ascari diz que vai defender a proposta da empresa "para preservar empregos, visto que a empregabilidade está muito difícil no País." O complexo emprega de 4 mil a 5 mil trabalhadores.

Na fábrica de São José dos Campos (SP) não há informação de paradas, "apenas rumores" de que isso possa ocorrer, informa o sindicato local. Em São Caetano do Sul (SP) o tema não foi levado ao sindicato, mas o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva, diz que a empresa havia programado sábados extras de trabalho e cancelou.

Mercedes-Benz abre vagas

Por outro lado, a Mercedes-Benz divulgou ontem a contratação no início do ano de 1 mil funcionários para a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A maior parte das vagas são de temporários (por seis meses a um ano) e aprendizes efetivados. O presidente da empresa no Brasil e na América Latina, Karl Deppen, afirma que o grupo confia na melhora do mercado neste ano e está reforçando a produção de caminhões.

A empresa também enfrenta a falta de componentes, o que tem provocado atrasos na produção, mas informa que não precisou, até o momento, fazer paradas. Deppen afirma ainda que há problemas de logística como falta de contêineres, atrasos na chegada de navios e o frete aéreo - que era uma alternativa para receber peças mais rapidamente - ficou extremamente caro.

"Como o transporte de passageiros diminuiu, não existe porão disponível (em aeronaves)", explica o executivo. Para ele, o problema ainda vai demorar para ser resolvido e se soma aos aumentos dos preços do aço, ferro, borracha e plástico, situação que afeta também toda a cadeia de fornecedores.

Apesar disso, lembra Deppen, a Mercedes-Benz está mantendo o investimento de R$ 2,4 bilhões no Brasil programado para o período de 2018 a 2022, sendo que R$ 800 milhões ainda estão em andamento para serem aplicados em produtos, serviços, conectividade e sustentabilidade.

A Mercedes estuda adotar no Brasil as novas tecnologias desenvolvidas pela matriz alemã de caminhões e ônibus elétricos ou movidos a célula de combustível "quando esse mercado virar realidade". Segundo Deppen, o grande desafio para o País é a infraestrutura. "Temos a tecnologia, mas precisamos encontrar soluções certas para trajetos urbanos e de longa distância."

A montadora foi líder nos segmentos de caminhões e ônibus em 2020, com respectivas participações de 31,6% e 46,7% no mercado total. Para este ano o grupo trabalha com as mesmas previsões da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de vendas totais de 101 mil caminhões e 16 mil chassis de ônibus - ambos com crescimento de 13% em relação ao ano passado.

Veículo: ESTADÃO ONLINE - SP 
Editoria: ECONOMIA
Tipo notícia: Matéria
Data: 24/02/2021 
Autor: Cleide Silva, São Paulo